Chega essa época do ano e começam a pipocar, em todos os streamings, filmes “natalinos”, de comédias românticas a animações, tem para todos os gostos e, normalmente, eu não gosto de nenhum.
- Entraria aqui toda uma divagação sobre os bons filmes natalinos serem os do passado (recente, claro), mas resolvi deletar porque estava saudosista beirando o ridículo, apesar de que esse texto todo é deveras saudosista imerso no ridículo. -
Mas, volta. 💭
Nesse final de ano, resolvi ver um filme natalino relativamente recente e, olha, é muito ruim. Mas eu chorei e amei. Estou falando de Uma segunda chance para amar (Last Christmas, Paul Feig, 2019, disponível na Netflix). Basicamente, Kate (Daenerys Targaryen) é uma jovem imigrante que trabalha numa loja de produtos natalinos - em pleno Covent Garden, Londres - mas que não gosta de Natal. Ela é o típico estereótipo da heroína das comédias românticas: fofa, problemática e atrapalhada. Portanto, coitadíssima. Claro, me identifiquei.
Mas, eis que surge… o quê? Um rapaz pra salvar a vida dela! Tom Webster, vivido pelo charmosíssimo Henry Golding. Bom, quase que eu desisto do filme nos primeiros 20 minutos, mas, não sei por que, eu persisti e foi bem satisfatório. Nota 1 no Letterboxd (sim, voltei a dar nota), mas, ao mesmo tempo, ❤️.

Como explicar isso? E eu sei? A vida é assim, cheia de coisas sem o menor sentido. Aliás, faz nem sentido buscar algum sentido em pleno fim do mundo. 💣
Mas, volta de novo. Nesse lance de ver produções natalinas, também vi uma novidade bem boa. Assim, suspendam a realidade e assistam a uma das mais divertidas séries dos últimos tempos: Black Doves, também na Netflix. Helen Webb (Keira Knightley) é a esposa de um ministro britânico, que também é uma espiã de uma organização que vende informações para “quem pagar mais”, ou seja, mercenários. Acontece uma merda bem grande e, pra fazer dupla com ela e resolver a confusão, volta à Londres o maravilhoso Sam, seu ex-parceiro e melhor amigo, vivido por Ben Whishaw. Morte, tiro, espinonagem, um pouco de romance e, claro, Londres. A série é ótima e eu já soube que foi renovada.

Estou desviando a atenção, porque o que eu queria mesmo era falar sobre Senna . Não apenas a série da Netflix (Senna, Vicente Amorim, 2024) que o povo reduziu à polêmica sobre o tempo de tela dedicado a Adriane Galisteu.
Acho que até já passou o timing para falar dessa série. Eu mesma vi assim que chegou à Netflix, porque era uma das produções que eu estava mais ansiosa pela estreia.
Uma das críticas que eu mais ouvi foi de que a série só fez exaltar o bom mocismo do piloto. Mas, vejam bem, quem viveu aquele fatídico dia 1.05.1994 está cagando pra ver qualquer outro lado de Senna. Até porque, como heroi de uma geração, que não aprendeu a ver desconstrução de seus herois, ele tinha que ser mostrado como aquela geração o via/vê. Sinto muita, mas muita pena de quem não acompanhou aquela época e não teve o privilégio de assistir ao GP de Interlagos de 1991. Pessoas que não passaram seus domingos ouvindo o ronco dos motores, não fazem a menor ideia do ele fez por minha geração. Não estou falando da técnica do piloto, que resultou nas suas conquistas, mas também estou. Afinal, só isso pra fazer com que um rapazinho paulista, que pouco sorria, conquistasse um público que assistia fielmente, todos os domingos, às corridas de um esporte completamente inacessível a 99% da população de um país subdesenvolvido com inflação galopante e saindo de uma ditadura militar sanguinária. Eu falo isso porque eu estava lá. Eu via e, depois que Senna bateu na curva Tamburello, nunca mais assisti a um GP de F1. Porque não éramos, na maioria, fãs do esporte, mas fãs daquele sujeito: daquele jovem destemido que enfrentou Suzuka 1988. E, vendo essa corrida retratada na série, eu chorei horrores. Eu sei, eu era fã. Eu continuo sendo.

É isso, vi a série sem qualquer questionamento crítico, porque ter vivido aqueles domingos, quando as pessoas ainda assistiam às mesmas coisas diante de aparelhos de televisão - ou seja, ter participado daqueles momentos coletivamente - é muito forte e emblemático para mim. Claro, tudo isso vem com um peso de lembrar meu pai. Ele sim, para além de fã de Senna, fã do esporte F1.
Vejam Senna. E se quiserem algo de melhor qualidade sobre o piloto, vejam o documentário Senna (de Asif Kapadia, 2010, também está na Netflix). Ou, simplesmente, procurem pelos vídeos no youtube. Procurem por Suzuka 1988; por Spa-Francorchamps 1992; por Adelaide 1993; por Mônaco 1984; de novo Suzuka, mas 1991 (outro que eu chorei horrores na série, por motivos, “faço tudo por meus amigos”) e entendam como se faz um grande ídolo, um grande esportista (nas palavras de Galvão Bueno).
Vou continuar sem ver mais nada de F1, porque nada ocupará o coração da pequena Marisinha.
Resolvi deixar links aleatórios:
Uma ótima playlist que descobri enquanto escrevia esse texto;
Estou vivendo uma fase de lagosta molinha;
Meu wrap “aleatoríssimo” do Spotify;
Volto ainda este ano. Quem sabe.
Pra onde olho vejo Babu (black doves 😂)
Marisinha docinha aos 45 do segundo tempo ainda tentando conquistar coisas!!!
Por essa eu não esperava
Merry Xmas 🎅🏻
Eu sempre acho TÃO estranho ver a Keira em produções ambientadas na contemporaneidade 😂 me acostumei a vê-la em filmes mais "de época", mas fiquei curiosa com a série, hein? Vai para a listinha!
E quem sabe também eu não veja o filme da Daenerys. Eu adoro o conceito de filme que é tão ruim que faz a volta e fica bom.