Já é dia 15, mas só apareço hoje, como se eu precisasse ter escrito algo no dia 1º, numa espécie de ritual de reboot da existência que a virada do ano nos proporciona (ou provoca?).
A verdade é que está totalmente de acordo com uma rebeldia pessoal em relação ao reboot institucionalizado do dia 1º de janeiro, eu escrever apenas na virada da primeira quinzena do ano para desejar feliz ano novo e informar que estou reenergizada e cheia de planos, que podem falhar miseravelmente como em todos os outros anos da minha vida.
Um dos principais planos é manter um caderninho anti scroll. Sim, o termo é bonito, mas é apenas carregar na bolsa um caderninho pra anotar pensamentos aleatórios no curso do dia. Especialmente, praqueles momentos em que a cabeça fica à toa deixar a cabeça à toa e escrever qualquer coisa à toa de cabeça à toa como esse texto aqui.
Peguei um caderninho novo, que ganhei no final do ano de uma amiga, mas decidi manter o mesmo caderninho que vinha usando em 2023, que também foi presente de outra amiga. E, então, surgiu um plano novo: terminar um caderninho. Ou seja, preencher todas as páginas de um caderninho mesmo que seja em 2034. Mas, e se eu achar um caderninho lindo pelo meio do caminho e desistir do que eu tinha começado? Tudo bem, porque outro plano é não ser rígida no cumprimento de plano nenhum. O que nem plano é porque basta eu seguir do mesmo jeito que venho sendo.
(imagem do caderninho anti scroll. obrigada, mônica)
Lista de 13 livros pra 2024. Sim, temos lista de leituras.
Eu sempre amei fazer listas de leituras para os anos. E eu juro que cumpria tudo direitinho até entrar pra um clube de leitura (em 2019) e, depois, me meter em 987 leituras conjuntas, cursos e ainda continuar nas leituras do clube, mesmo que aos trancos e barrancos. Mas, neste ano, voltei a ser uma pessoa séria e, se tem alguns livros que serão priorizados, serão os treze escolhidos abaixo. Com pre-determinação de mês e tudo porque sou uma louca rigorosa:
1. Janeiro: O encontro marcado, Fernando Sabino
2. Fevereiro: A casa soturna, Charles Dickens
3. Março: Poemas, Wislawa Szymborska e
4. Orwell’s Roses, Rebecca Solnit
5. Abril: Derrubar árvores: uma irritação, Thomas Bernhard
6. Maio: A estrada, Cormac McCarthy
7. Junho: Não verás país nenhum, Ignacio de Loyola Brandão
8. Julho: O amante, Marguerite Duras
9. Agosto: Sete anos de escuridão, You-Jeong Jeong
10. Setembro: Morte em suas mãos, Ottessa Moshfegh
11. Outubro: Nossa parte da noite, Mariana Enriquez
12. Novembro: Levantado do chão, José Saramago
13. Dezembro: Quatro peças, Anton Tchékhov
Pior é que, mal li o primeiro livro da lista.
Sim, O encontro marcado, Fernando Sabino CHECK
E já resolvi que preciso ler outros tantos e montei outra listinha com 4 livros que quero ler muito esse ano. São eles:
1. Sul da fronteira, oeste do sol, Haruki Murakami
2. A leste do Éden, John Steinbeck
3. Os detetives selvagens, Roberto Bolaño
4. A mais recôndita memória dos homens, Mohamed Mbougar Sarr
Então, a lista, aumentou para 17 livros.
Acontece que, acompanhando a Babi Bomangelo, que está se incursionando na leitura de Bolaño, ela compartilhou um texto interessantíssimo de Antônio Xerxenesky sobre a leitura do autor chileno e, assim, Estrela Distante entrou na lista dos livros imprescindíveis de 2024, porque não posso desobedecer a meu mestre querido. Assim, chegamos a 18 livros.
Daí que eu tenho o tal do clube. Que, confesso, pensei em sair porque não sou obrigada a me manter no clube que eu mesma fundei em 2019, mas como eu amo muito minhas amigas, acabei continuando e estou animada. Escolhemos os seguintes livros para ler:
1. Janeiro: Encontro marcado, Fernando Sabino
2. Fevereiro: A trilogia de Copenhague, Tove Ditlevsen
3. Março: Oração para desaparecer, Socorro Acioli
4. Abril: O castelo, Franz Kafka
5. Maio: Esboço, Rachel Cusk
6. Junho: Não verás país nenhum, Ignacio de Loyola Brandão
7. Julho: A besta humana, Emile Zola
8. Agosto: Aos prantos no mercado, Michelle Zauner
9. Setembro: Incidente em antares, Erico Verissimo
10. Outubro: A época da inocência, Edith Wharton
11. Novembro: O eterno marido, Fiódor Dostóievski
12. Dezembro: Olhos d’água, Conceição Evaristo
Considerando que dois livros dessa lista já estão na minha lista pessoal de 13 livros para serem lidos este ano, o que me dá um certo respiro, fico então com 28 livros para ler.
Mas, a vantagem de só escrever uma lista no dia 15 do ano é que já li dois dos livros acima.
Sul da fronteira, oeste do sol, Harumi Murakami CHECK
Sigamos com outras metas.
Releitura de Ulysses, de James Joyce.
Mais metas de leituras?
Li Ulysses em 2020, trancada sozinha dentro deste apartamento e amei. Sei que não entendi 75% do livro e é muito possível que os 25% que entendi, tenha entendido errado. Mas amei perambular por Dublin com Leopold Bloom e Stephen Dedalus (considerando que Caetano Galindo considera Um retrato do artista quando jovem a primeira parte de Ulysses, preciso relê-lo, o que acrescenta mais um livro na lista. 29. E vou ler Ulysses acompanhado pelo guia de Galindo, portanto, chegamos aos 30 livros).
Como pretendo ir pra Dublin este ano, pensei que é uma ótima oportunidade para relê-lo. E lá vou eu me aventurar novamente por essa odisseia (queria muito ler A odisseia, a de Homero, antes dessa releitura, mas acho, apenas acho, que não vou conseguir, já que marquei pra iniciar Ulysses na efeméride de 102 anos de seu lançamento, ou seja, dia 2.02.2024). Então, estamos em 31 livros para serem lidos em 2024. É isso?
Não comprar livros a Bezos.
Eu desisti dessa invencionice de não comprar livros porque a carne é fraca e, graças ao bom serviço público, meu dinheiro permite que eu viva acumulando livros. Então, ao menos, quero evitar comprar livros a Jeff Bezos.
Mas, esse ano já comprei dois livrinhos: Estrela Distante, de Bolaño, (comprei na fofíssima Livraria dos Vovôs) acima comentado, e A tempestade, de William Shakespeare (esse eu comprei na Leitura), que apesar das belas fotos na praia, eu ainda não comecei a ler. Comprei por causa da leitura conjunta da obra do bardo pelas Primas da Breite Strasse. Na lista delas, ainda tem Romeu e Julieta e Otelo, que pretendo acompanhar.
Então, estamos em 34 livros, assim, do nada.
Ver mais filmes franceses.
Esse é um plano para melhoramento de minha compreensão e aumento de vocabulário da língua francesa, que vivo penando em aprender há alguns anos. Comecei bem, já que o primeiro filme que vi este ano foi Os incompreendidos (Les quatre cents coups, François Truffaut, 1959).
Amei o filme, que conta a história do pequeno Antoine Doinel, alter ego do próprio Truffaut, se rebelando da família e da escola pelas ruas de Paris. Esse é o primeiro de uma série com o mesmo personagem amadurecendo. Portanto, agora, tenho mais quatro filmes de Truffaut para ver L'amour à vingt ans (1962), Baisers volés (1968), Domicile conjugal (1970) e L'amour en fuite (1979). Ou seja, muitos filmes cool e sofisticados. Estou me achando só de eles estarem na minha lista, imagina depois que eu assistir?
Será que um dia eu termino de assistir a The Crown?
Eu amo The Crown e estava adorando a temporada lançada ano passado pela Netflix, mas eu parei para assistir Dopesick (na Star+) e depois veio o final do ano e a virada do ano e a praia e Kieran Culkin ganhando o Globo de Ouro e eu comecei a rever Succession – a verdade é que só vi dois episódios - e retomei The Crown.
Eu tenho um problema para terminar as séries que eu amo. Acontece tanto quando eu decido ver séries já encerradas e muito longas ou quando elas são lançadas assim na metodologia netflixiana, a temporada toda ‘de uma vez’. Eu sei que ano passado fizeram diferente com The Crown, mas um mês de intervalo entre duas partes de uma mesma temporada não é muito diferente de lançar tudo de uma vez.
O que sei é que fico com pena de acabar e economizo mesmo quando chega a última temporada. Aconteceu com Mad Men. Aconteceu com Homeland. Séries que eu nunca vi o último episódio. Então, será que um dia eu termino The Crown é uma pergunta séria e relevante.
Fechamos os planos com:
- 34 livros para ler;
- 4 filmes de Truffaut para assistir;
- 1 série britânica para terminar;
- 2 episódios finais de séries americanas para ver.
É isso.
Meu caderninho é de 2014, não estou nem no primeiro terço dele 😅
Amiga, quantos planos!
Amei o desenrolar do caos 😂
Acabei de terminar the crown
Pode vir que a água tá quentinha
Não me sinto órfã
Sobre as leituras: oremos.
Bom ter sua cia em meus poucos planos pra esse ano!